23 de mar. de 2010

Tipos de queima

Existem diferentes tipos de queima na cerâmica. Apesento aqui algumas queimas.

A primeira queima é denominada biscoito. Serve para transformar a argila em cerâmica, tornando-a permanentemente dura. Geralmente eleva-se até 800/900o C . Esta queima deve ser bem lenta no seu início para que não haja risco das peças racharem ou empenarem, face a grande quantidade de água existente na argila até atingir 200o C.No final do cozimento constata-se uma diminuição, encolhimento, de mais ou menos 10% em seu tamanho e volume, ficando a peça porosa e não impermeável.Uma queima cuidadosa de biscoito dura cerca de oito horas e deve-se aguardar, pelo menos, outras oito horas para abrir totalmente a porta do forno, sob o risco das peças racharem em decorrência do choque térmico.

O calor produzido pelo forno atua sobre a peça cerâmica de fora para dentro, ao contrário da evaporação da água que ocorre de dentro para fora. Já que a camada externa da peça seca mais rápido do que a interna ela se contrai primeiro, fechando os poros da argila. Isto dificulta a saída da água de seu interior, ocasionando uma tensão de sentido contrário: do interior para o exterior que pode ocasionar danos.
Deve-se notar que se a temperatura do forno subir rapidamente, no início da queima, a camada externa irá se deformar (empenar) e rachar, em razão da argila conter muita água. Isto é que justifica a recomendação de que a queima de biscoito deva ser bastante lenta do seu período inicial - até atingir 200 graus aproximadamente.
Existem artifícios para tornar o barro mais magro, com menos água na sua composição. Um deles é adicionar argila refratária à massa cerâmica. Com esta medida o barro vai se tornar mais poroso facilitando a saída da água durante o cozimento.
Na indústria resolve-se este problema fazendo a secagem numa atmosfera úmida. A peça depois de aquecida é transferida do ambiente interior mais quente para o exterior mais frio. Isto induz a saída da água já que a camada exterior irá resfriar-se mais rápido do que a interior.

A segunda queima ou queima de esmalte (vidrado) é feita em temperatura mais alta do que a de biscoito. Ao contrário desta, seu final, deve ser lento para que haja tempo do esmalte fundir-se completamente. É o momento em que a peça obtêm sua cor definitiva. Caso se utilize um esmalte transparente só será realçada a cor da argila.O vidrado torna a peça impermeável ficando a superfície bem lisa. Nesta queima pode-se usar esmaltes de alta (+ de 1200 graus C) ; média (até 1200 graus C) e baixa (até 1100 graus C).

Monoqueima.É o método em que a peça ainda crua só vai uma vez ao forno, já com esmalte aplicado. Apesar do menor gasto com energia elétrica e da maior rapidez no resultado final, este tipo de queima envolve muitos riscos. As peças ficam mais quebradiças antes de enfornar porque a argila crua, quando esmaltada, assimila uma grande quantidade da água. Os esmaltes também costumam dar problemas no acabamento e na cor. O que se constata é que não são muitos os ceramistas que usam a queima única.

Queima de R A K U. O Raku surgiu no Japão no século XVI e sempre foi ligado ao cerimonial do chá. Seu significado é felicidade e prazer. O modo da queima, hoje no ocidente, é diferente da efetuada originalmente pelos japoneses.

Uma das grandes "vantagens" do Raku é que a queima final é bem mais rápida do que a habitual. O processo em si, na maioria dos aspectos, é idêntico ao da cerâmica tradicional. Secar, queimar biscoito, esmaltar e enfornar.Qualquer tipo de argila pode ser usada desde que contenha chamote (material imprescindível para resistir ao choque térmico).Esmaltes comerciais podem ser aplicados, mas se forem mais elaborados, podem-se obter resultados especiais e exclusivos. Estes diferenciais são, certamente, fatores positivos no momento da comercialização das peças.O uso de engobes na queima de Raku garante um efeito decorativo muito satisfatório. O craquelado é uma das características desta queima. As rachaduras escurecem pelo efeito da fumaça e realçam claramente as pequenas fraturas na camada superficial do esmalte. No Raku, as partes não esmaltadas ficam com a tonalidade escura.Os fornos utilizados são a gás e de dois tipos: Os montados com tijolos refratários, fixos num determinado local, muito pesados; e os feitos de alumínio ou ferro e isolados com manta cerâmica. Estes são leves e fáceis de serem removidos. A temperatura do cozimento situa-se em torno de 900 a 1000 C° e leva cerca de uma hora. A combustão se dá com o uso do gás de botijão, com chama regulada por maçarico. As peças são retiradas do forno ainda incandescentes, com o esmalte no ponto de fusão, seguras por pinças, e são colocadas num recipiente com tampa contendo serragem, ou folhas, ou jornais. Neste momento o material entra em combustão e inicia-se a redução (queima do oxigênio) . Como resultado processa-se a transformação dos óxidos metálicos surgindo colorações, as mais inusitadas.Após algum tempo retira-se a tampa do recipiente e com luvas pegam-se as peças que necessitam ser lavadas e escovadas para a retirada dos resíduos.Outro processo também usado, diferente da redução, consiste em mergulhar a peça, ainda incandescente, em um recipiente com água. Ao contrário do que se possa pensar, isto geralmente não provoca rachadura face ao choque térmico, a não ser que a argila, quando da moldagem, tenha tido alguma emenda ou reparo feito incorretamente, ou a peça tenha uma parede bastante fina. Muito importante é não esquecer de trabalhar com segurança neste tipo de queima. Não deixe de usar máscara, óculos, luvas, roupas adequadas, calçados etc.Deve-se notar que a fumaça originária da queima do Raku é tóxica devendo-se evitá-la o mais que se puder.

3 comentários:

Unknown disse...

Prezados,
Tenho um projeto pessoal de fazer uma Ocarina para meu filho e preciso de um local para queimar a peça após terminada.
Sou de São Paulo, Capital e poderia me deslocar para Campinas caso possam se dispor a executar este serviço, mas preferencialmente, gostaria de saber se poderiam me indicar alguém na capital que eu possa entrar em contato para tal.
Desde já agradeço suas sugestões.

Aldo Andrade
(11) 96421.2299 aldo_andrade@terra.com.br

Unknown disse...

Posso cozinhar uma peça de argila em forno elétrico de cozinha?

Ana Redig disse...

O forno precisa chegar a 800o C para o biscoito e pelo menos 980o C usando esmalte de baixa. Dificilmente um forno para comida terá essa capacidade. Vc pode queimar em um atelier. Vários oferecem este serviço. Espero ter ajudado